O novo dispositivo permite ao Corpo de
Bombeiros vistoriar condomínios que estejam sem o Auto de Vistoria
(AVCB) ou com o documento vencido; a corporação poderá fazer
notificações, aplicar multas e mesmo interditar imóveis com riscos
iminentes.
O Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros está previsto no Decreto
Estadual 56.819/11 e representa um verdadeiro checklist das instalações
dos prédios, “observando se atendem às normas de segurança no tocante
aos para-raios, materiais de acabamento, elétrica, equipamentos de
combate a incêndio e à Brigada”, define o engenheiro de perícias e
segurança do trabalho, Ayrton Barros.
Muitos são os desafios que os síndicos enfrentam na hora de solicitar a expedição ou renovação do AVCB:
- Providenciar laudos e promover a adequação ou renovação das instalações e equipamentos;
- Atualizar a sinalização (pelas regras atuais, as placas devem estar
posicionadas no campo de visão das pessoas e ser fotoluminescentes);
- Liberar a rota de fuga de quaisquer obstáculos, principalmente da
presença de lixeiras nos halls dos andares, situação comum entre os
condomínios residenciais; e,
- Realizar o treinamento da Brigada de Incêndio, entre outros.
A renovação do Auto de Vistoria deve ocorrer a cada cinco anos nos
edifícios residenciais (ou no prazo de três anos para edifícios com mais
de 60 metros de altura), e depois de um ano da entrega de um condomínio
novo. Enquanto prédios mais recentes dependem, em geral, apenas de
ajustes e de testar a funcionalidade dos equipamentos e sistemas, as
edificações antigas enfrentam verdadeiras limitações estruturais para se
equiparar às normas atuais.
No primeiro caso, a síndica Elisa Malizia Gonçalves, do Condomínio
Absolute Moema, com torre única, 26 unidades e onze anos de construção,
precisou somente adequar a sinalização, instalar luz de emergência (a
opção escolhida foi LED) e trocar os bicos das mangueiras, seguindo
Instruções Técnicas mais recentes do Corpo de Bombeiros. Elisa
antecipou-se, inclusive, ao prazo de vencimento do AVCB, que acontecerá
no final do ano, deixando o condomínio pronto para a renovação.
Já o síndico Brás Giorgi Antoniassi, do Condomínio Comendador Elias
Assi, na Vila Mariana, está cuidando do processo desde quando foi
eleito, em 2014. Na verdade, ele retomou o trabalho, que se iniciara
havia três anos, com a compra “de extintores adequados”. “Tivemos uma
interrupção, são 22 itens para serem atendidos.” O conjunto possui seis
torres e 304 unidades com idades entre 35 e 50 anos. “Vamos comprar 23
portas corta-fogo, mas é inviável instalar esse equipamento em todos os
andares”, em função das características construtivas dos prédios,
explica Brás. A área do gerador foi reformada, com o isolamento
apropriado dos veículos, e dotada de porta corta-fogo. Estão previstas
ainda intervenções nas garagens, na cabine primária, nas escadas
marinheiro, nos quadros de energia dos apartamentos e na casa de
máquinas, relaciona o síndico.
Segundo Brás, “o AVCB em si não é complicado, difícil é adaptar um
prédio com tanto tempo de construção”. Outro problema será retirar as
lixeiras dos halls dos andares, situação presente em cinco das seis
torres. “Teremos uma nova rotina, para a qual precisaremos oferecer uma
alternativa viável às pessoas, pois os bombeiros não irão permitir isso,
terá que ocorrer uma mudança de hábito”, avalia.
No caso do residencial da síndica Elisa, o tema sequer entrou em
questão: “Não temos lixeiras nos andares nem na escada há bastante
tempo. Isso foi proibido por se considerar os halls e a escadaria como
rota de fuga. Nada pode obstruir o caminho.” Elisa afirma que o
condomínio disponibiliza, duas vezes ao dia, serviço de retirada do lixo
diretamente de cada apartamento.
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